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Vulnerabilidade de crianças e adolescentes são tema de entrevista com Danielli Burtulli Psicóloga da Secretaria de Saúde de Maximiliano de Almeida

Data: 08/05/2017

O jogo da Baleia Azul é uma questão bastante preocupante, o público alvo deste jogo acaba sendo adolescentes com problemas familiares ou de relacionamento em geral. Os adolescentes que não apresentam estas características acima não estão livres de entrarem no jogo, pois podem ser motivados pela curiosidade. O jogo se baseia entre a relação entre os desafiantes (também chamados jogadores, ou participantes) e os curadores (ou chamados de administradores).

Através de redes sociais os adolescentes recebem um convite para participar do jogo o qual possui 50 desafios. O jogo envolve uma série de tarefas dadas pelos curadores que os jogadores devem completar normalmente uma por dia, algumas das quais envolvem automutilação. Algumas tarefas podem ser dadas com antecedência, outras podem ser repassadas pelos curadores no dia, sendo para última tarefa o suicídio.

Os jovens e crianças são orientados a cumprir os desafios geralmente de madrugada, como assistir filmes de terror, desenhar baleias, criar inimizades, automutilação e por fim então é proposto que os adolescentes tirem a própria vida.

Em entrevista a rádio Interativa a Psicóloga Danielli Burtulli, de Maximiliano de Almeida comentou sobre o assunto:

“Realmente assim uma onda de preocupação surgiu no nosso município não só em prol desse jogo, porque esse jogo pode ser algo de momento ou também daqui a pouco pode ser algo que voltem a ocorrer através de outros jogos de outras vulnerabilidades habilidades que continuaram aparecendo”.

 

Rádio Interativa: Como é que os pais e responsáveis, principalmente das crianças adolescentes e jovens que estão nos ouvindo neste momento, podem talvez perceber que os seus filhos, netos, sobrinhos, enfim estejam envolvidos nessas questões?

Psicóloga Danielli: “ É importante que os pais estejam atentos há alguns comportamentos incomuns dos filhos, ou seja, a mudança de um momento para o outro. Então a mudança de conduta, mudança de comportamento que pode acontecer, então desde falas referentes à morte, suicídio, até com conteúdos indiretos como assim: verbalizações do tipo vontade de sumir, vontade de desaparecer, de ir embora, de dormir e não acordar mais. Também é importante é que eles fiquem ligados à questão do isolamento, o afastamento da família dos amigos. Na verdade eles passam a preferir estar no próprio quarto sozinho, muito ligados ao computador ou ao celular, também pode acontecer uma perda do interesse nas atividades que eles costumavam fazer então daqui a pouco tinha um grupo de amigos costumava sair para brincar com os amigos costumavam sair para um jogo de futebol ou até mesmo por uma dança em fio para qualquer atividade esse interesse foi sendo deixado de lado. Também é importante que os pais observem a mudança no hábito do sono, desde uma insônia até o aumento das horas de sono, porque como é um jogo que eles recebem muitas tarefas na madrugada o que podem acontecer então eles podem passar horas acordado durante a noite e pode acontecer deles dormir mais durante o dia, então dormir horários que não fossem habituais antes. Também importante que os pais estejam ligados na questão das mudanças dos hábitos alimentares, perda de apetite, aumento do apetite, irritabilidade, crises de birra crises de raiva, piora no desempenho escolar, desde a recusa a ir para escola também, porque pode ser que na escola também esteja aparecendo algum sintoma, ou seja, o local onde alguém também esteja pressionando esse adolescente. Comportamentos autodestrutivos como a automutilação, então cortes nos braços, no corpo, desde o uso de álcool e drogas ou outras exposições a fatores de risco também são importantes que sejam observados e também as tentativas de suicídio anterior, não só de tentativas práticas de suicídio mas um comportamento que realmente dá entender vulnerabilidade desse adolescente. E também os pais precisam estar atentos as vestimentas que os filhos usam, principalmente nessa época do ano que já é uma época de frio, então é importante que os pais fiquem atentos ao corpo porque como ele é um jogo que ele prevê a mutilação do corpo, é importante que os pais acompanhe esse daqui a pouco não tem nenhum corte, nenhuma marca, que eles não utilizem dessa vestimenta para esconder essas marcas no corpo”.

 

Rádio Interativa: O que leva uma criança, um jovem ou um adolescente a se envolver nesses jogos?

Psicóloga Danielli: “É uma questão muito importante porque geralmente as crianças e os adolescentes que estão envolvidos com isso, eles possuem um histórico de vulnerabilidade, seja de vulnerabilidade social, seja de transtornos psiquiátricos então desde uma depressão até um quadro de ansiedade,daqui a pouco são vítimas de bullying dos mais diversos tipos de violência, enfim tem uma infinidade de motivos que muitas vezes acabam predispondo a participação nesse tipo de situação desse jovens e adolescentes, mas é importante frisar que eles não entram nesse tipo de jogo nesse tipo de atividade pelo querer deles sempre tem um fator mais forte que acaba levando eles a participação desse tipo de situação. Também é importante frisar que os curadores desse jogos, enfim os administradores eles exercem uma pressão psicológica muito grande sobre as crianças e adolescentes, então na verdade eles sempre procuram essas crianças mais vulneráveis, essas crianças que são mais fácil de manipular, essas crianças que muitas vezes não tem um convívio familiar com vínculos fortalecidos, então eles acabam conseguindo atingir essa parcela de crianças e adolescentes com uma facilidade maior”.

 

Rádio Interativa: Quais são as primeiras reações da família quando se descobre que uma criança está se envolvendo nesses casos?

Psicóloga Danielli: “Essa é uma questão bem importante da gente frisar, porque o que nós observamos, geralmente quando as famílias descobrem o envolvimento das crianças e dos adolescentes nesse tipo de situação a primeira reação acaba sendo de irritação, de briga, de discórdia e até mesmo de punição. Só que na verdade é como já mencionado anteriormente, as criança e os adolescentes eles não entram nesses jogos pelo querer deles, é por um fator de vulnerabilidade. Então essa primeira reação da família muitas vezes ela pode ainda agravar o quadro ela pode agravar no sentido de que a criança e o adolescente se afasta em cada vez mais da família recuem cada vez mais. A gente sabe hoje para família é difícil proibir o acesso das suas crianças e dos seus adolescentes  as redes sociais. Só que mesmo assim é importante que os pais eles estejam atentos. Atentos os conteúdos que os filhos acessam, é importante que eles monitorem então o uso da internet pelos filhos, é importante que eles frequentem as redes sociais, que eles observam os comportamentos estranhos e sobretudo que converse com os filhos de maneira a conscientizá-los a respeito dessas consequências e das práticas perigosas. Porque na verdade a melhor maneira que se tem hoje de identificar um comportamento de um jovem de uma criança de um adolescente é conhecendo ele, então quanto mais perto os pais estiverem dos seus filhos mais fácil eles vão conseguir identificar algum sinal e algum sintoma apresentado”.

 

Rádio Interativa: E as reações na questão sociedade?

Psicóloga Danielli: “É um pouco complexo se trabalhar com a sociedade, porque se tratando de jovens, de crianças e de adolescentes existe um certo descaso. Então é importante esclarecer para a sociedade também que o comportamento vulnerável dos jovens, esse comportamento no caso, esse envolvimento com esse tipo de atividade não é brincadeira. E sim é algo que eles necessitam de atenção, que eles necessitam de tratamento. Então comportamento manifestado não é como a gente ouve por aí muitas vezes que é falta de laço, que a falta de trabalho ou até eu tenho observado muito nas redes sociais por exemplo a falta do chinelo azul. Não é falta do chinelo azul! A criança e o adolescente ela não entra nisso sem ter um motivo, então uma esse tabu que a sociedade tem ainda a respeito dos jovens dos quadros mentais ele precisa ser desfeito para que a sociedade na verdade ela seja uma fonte que nos ajude a identificar os principais sinais e sintomas que levam esse jovem a esse tipo de prática. Quanto mais a sociedade conhecer também sobre essas questões psiquiátricas mais fácil de se tratar. Os transtornos psíquicos na verdade eles não são tratados a base de agressividade e sim a base do acolhimento, da empatia, da escuta. Então acolhimento, empatia, escuta não são só os profissionais que podem oferecer, os pais precisam oferecer, à sociedade precisa oferecer. Quanto mais próximo dos nossos jovens nós estivermos mais fácil de se trabalhar com ele se torna. Hoje o suicídio na verdade entre crianças e adolescentes é a segunda causa de morte nessa faixa etária, então ele é um tema que ele tem que ser amplamente discutido entendido pela sociedade. Hoje a sociedade ainda tem aquele tabu que falar sobre suicídio acaba estimulando essa prática, só que pelo contrário na verdade quanto mais nós falarmos quanto mais nos conhecermos mais fácil será identificar e tratar as possíveis causas e sintomas. Quanto mais a sociedade conhecer a respeito maior será a prevenção a respeito disso”.

 

Rádio Interativa: O que os pais ou responsáveis devem nessas situações? Quais são as condutas?

Psicóloga Danielli: “Na verdade a preocupação dos pais, eu sempre digo, ela não deve ser apenas com o jogo baleia azul que é o que está no auge desse momento, porque logo na verdade essa prática ela sai de circulação, só que outras virão. A preocupação dos pais ela deve ser como os filhos. Então os pais precisam estar próximo dos filhos, eles precisam dialogar diariamente, eles precisam acolher, eles precisam disponibilizar tempo para atividades com os filhos seja simplesmente pra sentar conversar sobre um assunto qualquer, seja para se envolvendo uma brincadeira, para sair juntos. É importante, que os pais se mostrem dispostos disponíveis a ouvir sem julgar e sem criticar, porque quanto mais essas condutas ocorrerem, quanto mais diárias elas forem na vida das famílias, melhor será o vínculo entre pais e filhos. Na verdade maior também será a confiança desse filho, dessa criança, desse adolescente para chegar até o pai para se abrir, para falar se ele está passando por alguma dificuldade. Porque quanto mais acolhimento tem melhor a criança se sente. Então importante frisar que crianças e adolescentes precisam de atenção, preciso de afeto, precisam ser ouvidas, precisam ser vistas pelos pais. O fato hoje de eles estarem trancados dentro de um quarto não significa que eles estão no ambiente seguro, por isso que é importante que os pais acompanhe o passo a passo, dia-a-dia dos seus filhos.

 

Importante que os pais observem qualquer mudança de conduta, de comportamento dos filhos. A recomendação inicial é procurar um profissional de saúde mental, seja ele o psicólogo, médico, enfermeira, as técnicas em enfermagem e pode-se procurar também o Conselho Tutelar. Todos da comunidade que sentirem essa necessidade podem procurar a Secretaria Municipal de Saúde de Maximiliano de Almeida.

 

por Silmar Luiz Biscaro 


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